domingo, 3 de junho de 2012

PLACA PRETA

A PLACA DE COLEÇÃO VALORIZA O CARRO ANTIGO E FACILITA A VIDA DO DONO
A placa de cor preta é concedida a veículos que foram fabricados há pelos menos 30 anos e garante a originalidade e o bom estado de conservação de um carro antigo. "A placa preta é muito útil para quem coleciona", diz o comerciante Ricardo Monteiro Lobato, 40, bisneto do escritor Monteiro Lobato e dono um VW Fusca 1969. "Ela atesta que o carro é original e ainda facilita a vida por liberar o dono da inspeção veicular", explica Ricardo, referindo-se a vistorias que são feitas em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro. Mas ele avisa aos interessados: "O proprietário precisa estar ciente de que o processo é burocrático". Para ter direito à placa preta, não basta possuir um automóvel antigo. É preciso estar associado a um clube que seja afiliado à Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) ou seja autorizado pelo Denatran ou órgão competente. Em seguida, devese solicitar ao clube a vistoria para esse fim. Nela, são analisados minuciosamente a mecânica, a carroceria e a parte interna, a fim de confirmar que não houve alterações significativas no projeto. Cada detalhe verificado vale uma determinada pontuação e o veículo é aprovado se somar pelo menos 80 pontos (veja lista ao lado, no alto). No entanto há itens que reprovam sumariamente. É o caso de modificações na carroceria, pinturas fora dos padrões de fábrica, rebaixamento de suspensão, motores de outra marca ou época, rodas de aro ou tala diferente do original, bancos individuais em modelos que tinham assentos inteiriços e a presença de kit de gás natural (GNV). Réplicas, mesmo que cópias fiéis, não são aceitas. "Com a placa preta, entre outras prerrogativas, o veículo ficará dispensado do uso de equipamentos obrigatórios homologados posteriormente à sua fabricação", afirma Ricardo Luna, presidente e fundador do Clube do Carro Antigo do Brasil. Após a vistoria, deve-se encaminhar toda a papelada para o Detran. Entre associação, vistoria e despachante, o custo para a obtenção da placa preta pode variar de 900 a 1300 reais. O novo documento vale por cinco anos, mas nesse período o dono é obrigado a se manter ligado a um clube de antigos. O custo da associação nem é alto (cerca de 30 reais por mês), porém, ao fim da validade do documento, ele é obrigado a repetir a vistoria e arcar outra vez com os mesmos custos. O processo também não é demorado, leva de 30 a 60 dias, mas é preciso ficar atento, porque alguns clubes exigem que o proprietário seja associado há pelo menos um ou dois anos, enquanto outros não têm essa restrição. Para quem não faz parte do mundo dos antigos e pensa em partir para seu primeiro clássico, é importante lembrar que a despesa total costuma ir além de documentação e vistoria. Para atingir um nível de placa preta, às vezes é necessário fazer uma reforma tão grande que frequentemente ultrapassa o valor de compra do veículo. "O custo depende muito do carro e do estado. Gastei por volta de 7 000 reais para mexer no meu Fusca. Mas, se você resolver colecionar um importado, o valor é bem maior mesmo", afirma Ricardo.
O empresário Américo Salomão, 55 anos, roda hoje por São Paulo com seu sonho de criança: ele é dono de um BMW Isetta 1959. "Meu pai tinha um desses, que foi roubado quando eu era guri e depois foi encontrado num córrego. Ele então consertou o veículo e passamos a usá-lo. De tanto me ouvir contar essa história, minha mulher resolveu me presentear com um", diz. Adquirido em 2002, o BMW costuma circular pelas ruas paulistanas com uma lustrosa placa preta, que tem um valor especial para Américo e outros donos de modelos clássicos.

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